Agora é que são elas: Lari Basilio e Tatiana Pará falam sobre comunicação para mulheres na música

(Fotos: Facebook Artistas/Divulgação)

Escute uma música, feche os olhos e você será incapaz de dizer se quem toca é homem ou mulher. E cada vez mais, abrir os olhos no meio da canção tem trazido excelentes surpresas que o mercado – até que enfim – reconhece, pois, cá entre nós, uma das coisas mais abomináveis e sem sentido que nossa sociedade conseguiu criar é a segregação por sexo na música. Ouvidos são ouvidos. Coração e alma nem se fala. Daí, e só daí, brota música. Não tem outra fonte.

Tentarei fugir de todos clichês das reportagens sobre mulheres no mercado de trabalho, prometo, nesse post onde trago duas entrevistas super ricas de dois grandes nomes do cenário da música: as guitarristas Lari Basilio e Tatiana Pará. A primeira, um dos nomes mais importantes da atualidade para o mundo das seis cordas e a segunda com a tarimba de quem abriu alas para a geração corrente.

Venho, talvez, (e coloca dúvida nisso) da última geração de mulheres do rock criada para ser namorada dos músicos ou para enfeitar os shows. Digo ser uma das últimas, pois não faz muito tempo sofri um grave caso de violência de gênero por conta da música e pasme, a agressora era mulher! Alguém que com aquele gesto perpetuou a ideia de que o mundinho testosterônico do heavy metal, que particularmente habito desde a adolescência, é um reino onde ao homem cabe o papel de ser o objeto de desejo, venerado e invejado. À eles, os louros. O resto, à mulher.

Mas sei também que encerro a geração de meninas que tinha de se contentar em estar ao lado deles pois quando deixei o balé para estudar guitarra a rotação da Terra nem mudou! Excelente sinal! Hoje uma menina pode buscar por “mulheres guitarristas no Google” e ter 100 mil resultados. Nos meus anos 1990 era muito raro abrir a Rock Brigade, a Metalhead e a Roadie Crew e vê-las.

Quando pulava um anúncio de pedal com a Syang era muita coisa. Courtney Love era reconhecia por ser mulher de Kurt Cobain e não vocalista do Hole. Eram poucas as referências e frustrantes. Não me identificava e pouco se mostrava para além daquela turma da loirinha de Malibu. Na “minha época” a imprensa parecia desmemoriada e nem a clássica Joan Jett aparecia!

Uma vez, uma dessas revistas trouxe uma entrevista com uma americana muito louca que tocava música clássica na guitarra na velocidade da luz a la Yngwie Malmsteen. O visual, contestável, era terrível! Um horror-punk com snuff e gore. Mas o efeito artístico era fantástico! Eu fiquei louca com a Great Kat, a primeira mulher que me atingiu com as seis cordas de verdade.

Esse é meu segundo Dia Internacional da Mulher no papel de gerente de comunicação da Agência 1a1 e o primeiro do nosso blog, por isso, quis escutar das duas moças que dão título ao texto dicas de comunicação que possam inspirar a todos os tipos cromossômicos, de XX à XY! Que seja um material valioso para todos e inspire a tirar da gaveta seus planos da profissionalização na música.


Lari Basilio

Lari Basilio: “Ter profissionais do ramo é imprescindível para atingir o objetivo e conseguir passar a mensagem desejada.” (Foto: Facebook Lari Basilio/Divulgação)

laribasilio.com
6 anos de carreira, 13 de estudo, 28 de idade.

Tem produzido conteúdo para Internet e músicas para um novo trabalho. Tem um EP e disco autorais, participou de musicais como o Tributo ao Rei do Pop, à Michael Jackson, compôs e gravou trilhas para a 89FM – A Rádio Rock. Tocou com importantes artistas como Felipe Andreoli, André Nieri, Paul Gilbert e Andy Timmons. Está nos Estados Unidos com o objetivo de expandir a carreira e tem apoio de grandes marcas do mercado.

Como você administra e gerencia o marketing da sua carreira? Que ferramentas usa? Assessoria de imprensa, social media? Conta com profissionais para isso em alguma parte do processo?
Desde o início me atentei para as mídias sociais e procurei sempre estar bem presente nelas. Acredito que essa constância tem me ajudado muito a ponto de hoje, essas mídias serem para mim, a base responsável por diversas portas abertas. Procuro administrar tudo e me sentir mais perto de quem me acompanha. Mas é claro que conto com a ajuda de profissionais, como por exemplo, para a criação da parte visual que considero importante. Me atento a todos os detalhes, mas conto com uma equipe que me ajuda em tudo.

Ao se comunicar com seus fã, empresas e parceiros, o que acha importante expor? Que postura tomar?
Existem inúmeras situações e cada uma delas requer uma postura diferente. Para meu público, acho muito legal tentar passar o lado humano. Para empresas e parceiros, devo contar sempre o lado profissional e buscar uma relação equilibrada.

Houve algum case seu muito acertado em comunicação que te trouxe bons frutos? Aquela “tacada de mestre” que culminou em aquisição de parcerias, shows, endorsement?
Não acho que teve apenas um caso, mas o conjunto de coisas ao longo do tempo proporcionou diversos resultados positivos. Posso citar um como exemplo: a frequente gravação de vídeos para a internet tem me proporcionado atingir um público cada vez maior ao redor mundo. Aliás, não só tenho notado o aumento do público, mas também tenho feito diversas novas parcerias nacionais e internacionais no ramo.
“O perigo está em não conseguir se comunicar da forma adequada. Por isso, ter ao seu lado profissionais do ramo é imprescindível para atingir o objetivo correto e conseguir passar a mensagem desejada”.

Que dica você tem para dar às musicistas? O que nós mulheres podemos usar de diferencial em benefício do marketing da nossa carreira musical?
Organização, objetivo, investimento e muita dedicação. Tenho isso em mente, e procuro colocar em prática sempre aliando tudo a um material de qualidade. Sendo bem sincera, esse conselho não é apenas para mulheres. É para todos que desejam ter uma carreira. Essa diferença homem versus mulher, para mim, não faz muito sentido no mundo da música, mas infelizmente temos que lidar com a mentalidade do mercado, que considera esse ambiente predominantemente masculino, ainda mais o mundo da guitarra. Então, já que é assim, vamos nos aproveitar dessa “diferença negativa” imposta pelo mercado e transformá-la em positiva por meio do que sabemos fazer na música, com a música e pela música. Não é por muito falar que o mercado vai mudar, mas pelas nossas ações, com certeza isso mudará e já tem mudado! A tendência é melhorar! Vai doer em muitos machistas que detestariam serem nivelados ao talento de uma mulher! (risos). Mas é bom se acostumarem, pois o número de mulheres na música tem crescido muito e o mercado tem aberto as portas pra nós. Tenho certeza que isso será cada vez mais comum.

Acha um braço importante da carreira o investimento em imagem e comunicação?
Sem dúvida, é uma parte muito importante, pois é como o seu trabalho chegará ao público. Então também é importante ter profissionais capacitados cuidando disso.

O que você considera um erro imperdoável na hora de uma profissional da música se comunicar com fãs e mercado?
O perigo está em não conseguir se comunicar da forma adequada. Por isso, ter ao seu lado profissionais do ramo é imprescindível para atingir o objetivo correto e conseguir passar a mensagem desejada.

Lari Basilio – The Sound Of My Room


Tatiana Pará

Tatiana Pará: “Hoje ninguém vai te conhecer se você não estiver em todas as mídias sociais.” (Foto: Facebook Tatiana Pará/Divulgação)

tatianapara.com
18 anos de carreira, 22 de estudo, 37 de idade.

Tem se dedicado fortemente à carreira de educadora musical, organizado shows para o projeto solo do CD “My Moods” e escreve colunas sobre Blues para a Revista Guitar Player Brasil. Conta com grandes apoiadores do mercado: Mad Professor, Black and White Blues, Jrmod, Darta Effects, Lost Dog e Tecniforte.

Como você administra e gerencia o marketing da sua carreira? Que ferramentas usa? Assessoria de imprensa, social media? Conta com profissionais para isso em alguma parte do processo?
Utilizo as mídias sociais como Facebook, Instagram, Twitter e Google+. Eu gerencio tudo, planejo, produzo material, programo, posto, respondo o pessoal, etc. Eu sigo alguns profissionais do ramo de marketing digital e tento aplicar dicas sugeridas.

Ao se comunicar com seus fã, empresas e parceiros, o que acha importante expor? Que postura tomar em termos de comunicação?
Acho importante sempre uma postura profissional, porém com uma comunicação pessoal. As mídias sociais estão aí para aproximar as pessoas, então tento realmente conhecer (mesmo que virtualmente) quem curte meu trabalho nas redes sociais.

Houve algum case seu muito acertado em comunicação que te trouxe bons frutos? Aquela “tacada de mestre” que culminou em aquisição de parcerias, shows, endorsement?
Geralmente o que funciona para músicos (no geral) são vídeos. Algumas empresas me procuraram para fazer parcerias após verem meus vídeos e visualizarem o que eu posto de conteúdo nas redes sociais.

Que dica você tem para dar às musicistas? O que nós mulheres podemos usar de diferencial em benefício do marketing da nossa carreira musical?
Eu acho ótimo que as mulheres musicistas têm se destacado muito ultimamente! Mas independente de mulheres ou homens, acho importante a qualidade musical e um bom conteúdo como diferencial positivo para o marketing. Apesar de ultimamente algumas empresas levarem mais em consideração o número de seguidores, “views” e “likes” do que a qualidade musical, devido a uma necessidade de mercado, acredito que cabe a nós músicos prezar pela qualidade musical, sempre.

Acha um braço importante da carreira o investimento em imagem e comunicação?
Sim, com certeza. É importantíssimo. Hoje em dia não basta ser um bom músico. Ninguém vai te conhecer se você não tiver um site, se não estiver em todas as mídias sociais e não fizer um bom trabalho nelas. Porém, o principal é tocar bem e ter um trabalho sólido, com qualidade. Uma carreira não se constrói em um ano. Leva muito mais tempo e para mantê-la, leva uma vida toda. O que eu não acho saudável é que as pessoas se preocupem mais em investir na imagem do que se aperfeiçoar musicalmente. Acho que as duas coisas tem de andar juntas.
“Hoje em dia não basta ser um bom músico. Ninguém vai te conhecer se você não tiver um site, se não estiver em todas as mídias sociais”

O que você considera um erro imperdoável na hora de uma profissional da música se comunicar com fãs e mercado?
A falta de educação e respeito tanto com os fãs quanto com músicos e empresas, é um erro muito grave. Educação é muito importante, sempre. Outro erro que vejo com frequência, são textos mal escritos, com erros de português, sem ponto nem vírgula, que mais confundem do que apresentam um trabalho.

Tatiana Pará – Sunset


Dica de emergência

Seguimos uma conta no Instagram muito maneira que garante ser seu ponto de partida caso esteja pesquisando mulheres na música, especialmente na guitarra. É o perfil de uma revista gringa chamada She Shreds (@sheshredsmag). Tem mulher do mundo todo mandando ver demais! É lindo!