O intuito desse texto não é trazer minúcias técnicas, números, balanços financeiros de mercado, nada disso. Esses sequer são campos de domínio da Agência 1a1, que, pela primeira vez este ano participou da Music Show Exp, a mais nova feira de música do Brasil. É é do espírito deste evento que rolou na última semana em São Paulo que queremos falar um pouco.

Quando a Expomusic decretou estar doente em 2018, consumando sua falência no início deste ano, reações diametralmente opostas tomaram conta da gente. Uma certa dose de “ufa, a coisa já estava enfadonha mesmo”, com um “e agora, José?”. Afinal, a maior feira da América Latina da indústria musical existiu por 34 anos. Quase três décadas e meia não é coisa pouca num país com incentivos fiscais e morais infames para o setor cultural.
Nós da Agência1a1 fizemos parte da Expomusic sob diversas versões ao longo dos anos: como visitantes quando meninos, como músicos e por fim trabalhadores da indústria musical ainda nas empresas que trabalhamos antes do nascimento da agência.

Bem, no ano passado novos proponentes da indústria musical – cite-se a Anafima como principal – surgiram com a ideia de um evento que não deixassem órfãos os trabalhadores da cadeia musical. Eis que a Music Show Experience se mostrou acertada já no batismo: trata-se de uma experiência multinível dentro de setores variados da música, algo que a Expomusic deixou a dever com a passagem do tempo e a consequente não-modernização de ofertas que acatassem as novas relações e interesses de quem faz o mercado na atualidade.

Ao se fixar quase que exclusivamente nas relações de compra e venda de instrumentos e componentes entre fabricantes e revendedores, muito foi se perdendo ao longo dos anos ao passo que o music business assistia no subterrâneo o surgimento – ou melhor – fortalecimento de novos agentes no mercado não necessariamente ligados a esse eixo comercial, ainda assim muito importantes para a cadeia econômica.
É claro que muitos de nós íamos à Expomusic para nos divertir, mas, o finalidade da feira era comercial entre lojas, fabricantes e revendas, finalidade essa que talvez a afundou em um pântano de baixa adesão das marcas super conhecidas do público que se mostraram indispostas a participar do evento alegando falta de retorno substancial frente ao alto investimento em estrutura, estandes e afins.
Pessoalmente, lembro-me de que já na Expomusic 2017, conversei com o dono de uma grande marca de equipamentos e acessórios e escutar sua queixa de que era proibido de vender os produtos que fabricava para o consumidor final era uma pedra no sapato já que metade dos passeantes nos corredores, são, senão, oras bolas, músicos que precisam do que ele vende!

Sobre a Music Show, já podemos dizer que foi a feira que mais gastamos dinheiro como consumidores finais, ao menos em acessórios (não pesquisamos instrumentos). A feira mostrou que chega para suprir as novas exigência do mercado e aqui destacamos uma palavrinha: aprendizado. Na era do conhecimento, o que mais encontramos pelos corredores foram palestras e rodas de conversa sobre os mais variados assuntos.
Agência 1a1 na Music Show Exp 2019
Nunca se falou tanto em music business como nos últimos anos e a Music Show captou isso com excelência. É a troca de conhecimento, o conhecimento compartilhado que está fazendo esse nosso mundo musical ir adiante mais do que as relações estritamente comerciais. A sede das pessoas hoje parece mesmo ser pelo saber. Cabe um adendo: lógico que venda e mostra de instrumentos e equipamentos ainda existe e nunca vai acabar e um espaço bacana e dedicado aos “homens de gravata” estava garantido na Music Show, óbvio.
Na área de atuação da Agência1a1 mesmo, pudemos aprimorar conhecimento sobre marketing musical, redes sociais para a música, fortalecimento de imagem artística e tudo o mais que nos é caro, serviços que batalhamos para popularizar.

Bem, façamos justiça: as duas últimas Expomusic que estivemos pudemos participar de sessões de “talks”. Talvez elas chegaram tarde demais e, enfim, a marca se desgastou. De novo, palpites que necessitam de uma apuração mais fundamentada do que essas nossas impressões aqui escritas.
Isso significa que com a nova feira tudo está ganho? Não! Por exemplo, ainda percebemos que o êxodo de muitas marcas famosas de instrumentos que ocorreu nos últimos anos da Expomusic se manteve. Talvez queiram aguardar a solidez do novo evento para voltar a investir. Acreditamos que isso acontecerá, se esse é o caso.

No que concerne à comunicação para a música, o marketing musical, não poderíamos estar mais contentes em perceber que a era da informação, da troca de conhecimento, da experiência dividida, finalmente chegou ao mundo da música e mais do que nunca os músicos e os agentes da canção estão cientes da importância de se fazerem presentes e se relacionarem com seu público conforme manda o figurino da nossa era: em redes sociais, em mídias alternativas, com criatividade e constância. A Agência1a1 nasceu há quase 5 anos justamente por ter antecipado essa demanda que agora explode.
Com potencial e horizonte gigantesco de crescimento, com as novas demandas do mercado, novas cabeças, novos negócios, a Music Show tem espaço de sobra para crescer e fazer o seu legado. “Nosso coração bate mais forte pelo mercado da música” – o lema do evento, é, como não, o de todos nós.